Roma, cidade baixa

                                                                Fonte: Arquivo Odebrecht S.A.

Fonte: Arquivo Odebrecht S.A.

“Durante pelo menos quatro décadas – entre os anos 1930 e 1970 – as congregações  desempenharam importante papel no mercado exibidor da cidade, chegando a soma de aproximadamente 8.000 lugares distribuídos em 8 salas. Inicialmente concentrando a programação em fitas relacionadas a personagens e festas cristãs, como “A Paixão de Cristo”, “Ben Hur” ou a “Paixão de Joana d’Arc”, abriam-se igualmente para a exibição de  filmes de capa espada, aventura e romance, desde que revisados por Frei Hildebrando, que cuidava pessoalmente dos cortes de trechos censurados.  Títulos como “Roma, Cidade Aberta”, “O Sétimo Selo” e “Marcelino Pão e Vinho” também viriam compor a programação variada, que contribuía de modo significativo com a formação de público e a cultura cinematográfica de Salvador, em salas que se espalhavam pelo centro, a cidade baixa, o subúrbio ferroviário e o Rio Vermelho. Os cinemas católicos de grande porte também serviram de palco para concursos de misses, apresentações circenses e shows de música de artistas tão diversos como Roberto Carlos, Emilinha Borba, Angela Maria, Caubi Peixoto e muitos outros (LEAL, 1997), tendo o Roma ganhado a alcunha de “palco do rock”, pelos shows regulares de Raulzito e seus Panteras nos domingos pela manhã.  Apesar de desempenharem importante papel na vida da cidade durante décadas, os motivos que vão levando ao fechamento dessas salas são diversos, e refletem “processos que estão relacionados com as próprias dinâmicas capitalistas, que induzem à superação e à substituição dos edifícios, que se tornam obsoletos para a cidade” (BIERRENBACH, 2015).” 

Trecho do texto “Filme e Culto na Bahia” (no prelo) / Documentação fotográfica do cortejo multimediúnico com a presença da artista Ana Dumas e seu carrinho multimídia por Rebeca Carapiá.